sexta-feira, 17 de abril de 2009

Palavras para os 154 anos de Caçapava



Abril de 2009 me reservou algo inusitado. Fui convidado para ser o munícipe orador oficial da Sessão Solene da Câmara Municipal de Caçapava-SP em homenagem aos 154 anos da cidade. Lá compareci, dia 14 à noite. Homenageado com placa e comenda, discursei:

"Datas de aniversário são importantes, devem ser comemoradas. Deve haver festividade, alegria, presentes, confraternização e uma generosa união de boas intenções de quem é homenageado e dos que homenageiam. Estou honrado e muito orgulhoso em poder homenagear Caçapava nesta Sessão Solene da Câmara Municipal comemorativa ao aniversário da cidade.

154 anos. Parabéns Caçapava!

O convite feito pelo vereador José Ferreira da Cunha – amigo, aplicado e incansável presidente do legislativo municipal – muito me satisfaz. Ao mesmo tempo me impõe responsabilidade neste ato. Sou um desconhecido para muitos. Vivo aqui há tão pouco tempo e reconheço tantos outros nomes ilustres e expressivos que poderiam estar ocupando o meu lugar com muito mais propriedade. Entretanto, o convite tornou-se irrecusável. E aqui estou, assumindo compromisso como cidadão, um munícipe, para homenagear de maneira franca Caçapava, a cidade que me acolhe há 7 anos, mas que há 21 anos me é presente e me impregna de olhares e satisfações.

Desde que cheguei ao Vale do Paraíba, anônimo, sempre transitei por estas nossas ruas, praças e estradas. Fui descobrindo coisas da cidade e do seu povo. Algo diferente surpreendeu-me. Senti a bonança, a hospitalidade, o carinho e a simpatia destas pessoas. Criei – e agradeço – fortes e estimadas amizades aqui. Gente que me acolheu e abriu as portas de suas casas. Estas pessoas me historiaram os pendores, os encantamentos, a vivacidade e a importância deste município do Vale do Paraíba. As conversas amenas e a bagagem informativa que fui angariando, sedimentaram algo forte em mim, de responsabilidade e de compartilhamento para com este chão. Um comprometimento. E aqui lancei amarras da minha vida e da minha família, pois não estou e não sou um só. Aqui investi vontade e suor, temperança e esperança para poder viver de forma pacata, justa e honesta, ao me afastar dos turbilhões profissionais, de quem trilhou caminhos diversos por este Brasil afora. Acabei descobrindo que muitos tomaram idêntica decisão à minha.

Portanto, desculpem-me se fujo ao decantamento das historicidades desta terra generosa e hospitaleira. Opto por ser mais pontual, autêntico, como gaúcho que sou. Prefiro dar o meu particular testemunho a Caçapava e aos seus cidadãos, testemunho de quem, de fora, aqui vive.

Eu vivo em Caçapava, sim. Na roça, num sítio em Caçapava Velha – o Sítio da Mata Pequena. Tenho o privilégio de morar no alto de um morro com vista magnífica, única, permanente e imortal para toda esta cidade. Esta visão pessoal se transforma a cada dia. Os pequenos sinais das transformações, das mudanças, do engrandecimento, do enriquecimento e da expansão urbana da cidade são visíveis. É real o crescimento e a importância da cidade. Cresce, mas conserva alguma coisa de rústica, de tradicional, de harmonia – elementos significativos que os mais experientes valorizam e neles se identificam como um bem maior, capital. Mas isso não significa constrangimento ou contraposição à modernidade, aos avanços inevitáveis que vão sinalizando o engrandecimento desta nossa cidade. Pelo contrário. Há valor neste fato.

A modernidade e as inovações chegam e vão se mesclando, vão transformando e interagindo na cidade para o bem e para o mal. Caçapava não foge e não fica impune às interferências do crescimento do Brasil no mundo globalizado e em constante mudança. Na verdade, ela fica mais exigente. As virtudes e os pecados assumem características novas e o reflexo principal atinge nossa sociedade. Ela sempre deve estar atenta às transformações que, por vezes, fogem do nosso domínio. Podemos até nos indispor e sermos rebeldes contra o que julgamos errado. Mas nossa população pacata e harmônica vai produzindo soluções criativas e conciliatórias para conviver, sem se corromper, com tais transformações. Pouco a pouco estamos sabendo garimpar os frutos do que é bom e útil.

Aumentam as demandas da própria cidade e da nossa população. Gradativamente vamos sedimentando novos patamares para valorizar Caçapava – seja no ensino, na saúde, no comércio, na indústria, na agricultura, na prestação de serviços, no turismo, no lazer, no meio rural, no urbano, no social e na política. O compromisso de trabalho é imposto ao nosso executivo, ao nosso legislativo, ao nosso judiciário e ao conjunto de organismos vivos, representativos, que aqui atuam. Esses organismos vivos da sociedade são os que reúnem cidadãos de bem e patriotas que lutam organizadamente, nas suas associações, por seus bons negócios e interesses – e, acima de tudo, pelo bem comum. Não há entidade oficial, particular, assistencial, comunitária, social, religiosa ou militar que não demande algum tipo de exigência. Ao mesmo tempo, e em contrapartida, todas elas estão presentes nesse esforço vital e sempre crescente, voltado para as áreas mais necessitadas e para ajudar a população mais carente também. Então, as ações exemplares vão acontecendo, crescendo, sedimentando-se, servindo de baliza e justificando a grandeza de Caçapava, a alma caçapavense.

A cidade tem nobreza. Tem energia. Sobrevive e segue adiante, forjando a sua e a história do nosso país e a dos seus importantes ciclos econômicos. Os empreendimentos que não encontram mais espaço adequado em outros municípios da região, em Caçapava identificam acolhida, espaços e condições para o progresso, para crescer, transformar, sempre contando com o apoio deste nosso povo simples, trabalhador, competente, cooperativo. Aqui as autoridades municipais se mantém atentas para que realizações vitais possam acontecer no seu devido tempo. Algumas realizações exigem pressa, velocidade. Outras são marcadas pela cautela. Mas, o bom senso sempre prevalece e acaba encontrando meios conciliadores e produtivos para o bem da cidade e de todos os seus cidadãos. Isso é importante. Importante e desafiador.

Pois são os desafios constantes, alguns imprevisíveis, que nos movem, que movem a cidade. A história, o passado e o presente sinalizam novos tempos, novas atitudes e novas urgências. Sinalizam novo ritmo para a cidade empreender, pulsar e avançar com coerência, bem-estar e infra-estrutura. Com estrutura urbana adequada, de serviços públicos eficientes, no social, educacional, saúde, habitação, transporte, lazer e recreação. Há que se agir para se dar assistência e condições ao desenvolvimento, bem-estar e trabalho para todos, especialmente aos mais necessitados. Não se trata de paternalismo, não. Como qualquer outra cidade, Caçapava tem suas deficiências. Saná-las, eis o desafio permanente. Exige-nos trabalho dedicado e consciente. Exige-nos mãos e braços fortes para a construção e reconstrução. A cidade também pede ajuda. Ela propicia, dá, mas solicita aos cidadãos.

Esta relação de troca é constante e inevitável. Identifico inúmeros abnegados, aqui, que colocam dedicação, sacrifício pessoal e força de trabalho para este fim: de proporcionarem saúde e vitalidade permanentes a Caçapava, oportunidades para todos e, especialmente, aos mais humildes e necessitados. Torna-se, praticamente, um dever coletivo. Nós, como coletividade, temos nossas obrigações e deveres, especialmente o cidadão mais esclarecido, pois ele teve a oportunidade social, educacional, informativa e de sucesso que outros infelizmente não tiveram. E aqueles que não tiveram maiores oportunidades nesta vida batalhada de todos, eles sim estão jogados em bolsões de miséria, passando dificuldades inimagináveis, sem condições sociais dignas, sem assistência social, de educação e de saúde, sem oportunidades de emprego e trabalho honesto.

Não podemos tapar o sol com a peneira e desconhecer tal contingência da realidade. Temos nossos bolsões de miséria. Identificamos a falha do poder público naqueles locais em que a população mais sofre necessidades. Sofremos todos com as desigualdades. Vemos a pobreza nas ruas, no centro da cidade, no mercado público, nos bairros e vilas. Vemos gente humilde que mendiga amparo, uma ajuda, uma oportunidade. Há os velhos que, silenciosos e impotentes, almejam um abrigo final, uma atenção e um carinho para os seus males físicos inevitáveis. Vemos nossos jovens desassistidos, melancólicos, desesperançados, revoltados pela falta de oportunidades. Muitos acabam cooptados para o caminho da desilusão, do tráfico, das drogas, do crime e da violência.

Esses males não passam ao largo do cidadão, seja ele qual for. A cidade, como organismo vivo, também sofre, na sua parte baixa e na sua parte alta. No urbano e no rural. A violência, invariavelmente, invade a nossa casa, o nosso patrimônio, desestabiliza a família e a sociedade em que vivemos, num todo. Exige-se maior segurança. Então há uma obrigação intrínseca para que somemos esforços, todos, no combate às diferenças sociais. Cabe-nos participar da tarefa coletiva visando a inclusão dos menos afortunados nos padrões mais decentes, justos e confortáveis da vida comunitária. Cabe-nos ajudar, sugerir, exigir e fiscalizar todas as ações do poder público, sejam elas quais forem. Devemos estar atentos, participantes e devemos saber escutar a voz das ruas, dos necessitados. Devemos saber identificar as necessidades prioritárias e mais urgentes da nossa cidade. Há ações solidárias que nos convocam, que nos atraem, que nos exigem atitude cidadã no sentido de criarmos novas oportunidades, para que não soframos conseqüências mais terríveis no futuro que nos atropela.

Há uma crise global. De dez empresas brasileiras, oito estão sofrendo as conseqüências diretas desta virada de tabuleiro que atinge o sistema capitalista mundial. Caiu em 34 por cento a exportação brasileira de manufaturados. É a maior queda em 20 anos. A instabilidade e a incerteza do rumo do mundo não nos poupam e não poupam nossa Caçapava. Cresce o desemprego, as famílias redobram cuidados com seus gastos domésticos e há os que estão à beira do desespero. Há temores justificados e alheios à nossa vontade. O ritmo do progresso agora é instável. As empresas produtivas de Caçapava também estão neste jogo desconfortável. O poder público se vê obrigado a assimilar as oscilações desta crise. As previsões de arrecadação balançam e sabemos o quanto a cidade depende da arrecadação. A queda no Fundo de Participação dos Municípios foi de 6,60 por cento no primeiro trimestre deste ano sobre igual período de 2008. Uma notícia de hoje informa que os municípios brasileiros perderam R$ 600 milhões em quatro meses. Encurta ainda mais o repasse de verbas aos municípios. Portanto, é vital que nossa economia, que nós como cidadãos estejamos bem e possamos alicerçar o poder público para que ele mantenha e realize as obras necessárias na cidade. Que não desperdice. Por melhor que esteja, cabe-nos exigir da administração municipal que aumente a sua eficácia básica constitucional. Na crise há oportunidades e o dever de casa nunca deve deixar de ser feito de forma aplicada.

Cresce a demanda por assistência de toda ordem. Por isso Caçapava precisa se relacionar bem com os governos estadual e federal e com a totalidade das forças produtivas. Precisamos ser bem representados. Esta incumbência cabe, decididamente, aos políticos e às lideranças locais. Os municípios brasileiros são extremamente penalizados nos repasses de verbas e há que se atuar politicamente na reivindicação do que é justo, necessário e imediato. Tamanho esforço exige arrojo e cautela. Exige honestidade, ética e competência. Exige cuidado redobrado nos gastos da máquina pública. Em estado democrático, todos somos responsáveis e a população deve se envolver, ter sábia consciência de como fiscalizar e exigir dos poderes constituídos. Portanto, que as ações do poder público e dos próprios cidadãos dignifiquem Caçapava. Para os que mais se beneficiaram com facilidades e favores municipais, é hora de atitudes, de reconhecer e de renovar compromissos de parceria.

Que o progresso e o bem-estar estejam presentes. Que encurtem as distâncias entre pobres e ricos. Que haja harmonia e entendimento nas ações coletivas e que todos os cidadãos sejam beneficiados, indistintamente. O dever cumprido – e bem – alivia a alma. Não podemos fugir a este desafio. É nossa obrigação, como cidadãos, querermos o bem da cidade. Nela vivemos e a nossa interação justa faz oxigenar todos os mecanismos vivos desta comunidade, não importando a idade da cidade. Nosso esforço é o de sempre atuarmos para que se estabeleçam condições dignas para a cidade ser resguardada de males, contrariedades, contratempos e para que ela possa se desenvolver com dignidade, justiça e grandiosidade, de forma consistente e permanente. Há um balizador mundial que indica a necessidade do ensino universitário qualificado para que as cidades se beneficiem de novos impulsos desenvolvimentistas. Isso nos falta.

Há trilhas para serem seguidas. Muitos são os desafios. A responsabilidade dos mais experientes deve servir de orientação, exemplo e ânimo para os mais jovens. Devemos deixar legados bons, éticos, conseqüentes, oportunos, sólidos. Devemos trabalhar para isso, batalhar o bom combate e termos consciência que o muito que podemos fazer ainda é pouco. É bom a população idealizar, com serenidade, um porvir lustroso, harmonioso e digno para a sua cidade. É bom a população almejar a cidade com economia dinâmica, mais bonita, limpa, confortável, prazerosa, segura, eficiente, melhor atendida em todos os serviços vitais. Cabe ao poder público – onde estão os nossos representantes – cumprir com suas promessas. No mínimo, fazer valer a vontade do seu povo. Para tanto é preciso trabalho, dedicação, honestidade e planejamento. São os planejamentos das cidades que devem prevalecer e estar voltados para o bem, para o útil, para o progresso e conforto justo da população. As ações do poder público devem ser factíveis, oportunas, persistentes e, de certa forma, perenes. Não podem os políticos, os partidos políticos e as administrações que se sucedem arrasarem aspectos do planejamento técnico e sustentável. Alguns critérios de continuidade e de realizações, propostos por cidadãos, devem ser respeitados e observados, melhorados ao longo dos anos pelas administrações que se sucedem. Sempre é necessário que nossos governantes e nossos políticos façam peripécias para honrar suas obrigações determinantes. O que não se quer são ilusões. Nem falta de ética, imoralidade, falta de compromisso ou negociatas corruptas envolvendo dinheiro público. Nas transformações, a presença ativa do cidadão é indispensável. Este ensinamento deve ser realimentado com dedicação e perseverança em todas as instâncias da vida da cidade. Que haja respeito e moralidade, sempre.

Pois bem, Caçapava me alegra. Por vezes também me entristece, pois a má realidade sempre é desconfortável. Nos meus caminhares pela cidade, entretanto, identifico as pessoas, suas generosidades, a simpatia, o jeito simples da nossa gente sem ostentações. Somos todos muito iguais, muito identificados no primeiro olhar. Há pontos comuns da cidade que realmente não fazem distinção de raça, credo ou status. Há um tônus de semelhança entre nós, cidadãos caçapavenses. Cumprimentamo-nos com afabilidade. Trocamos conversas, gentilezas, ajudas. Valorizamos nosso comércio, as instituições que aqui estão. Ajudamos a fazer circular riquezas de todas as grandezas. Elogiamos e criticamos. Sabemos ser festivos, respeitamos nossas tradições e as datas significativas.

Nos momentos exemplares sempre estamos prontos a cooperar. Indistintamente, cada um reúne bagagem para conservar e enaltecer a cidade que temos. Por vezes ela nos solicita esforço redobrado e devemos atendê-la. Desta forma poderemos, a cada ano, dignificar mais e mais Caçapava, não só na data do seu aniversário, mas em outras tantas ocasiões.

Curvamo-nos à religiosidade da cidade, à procissão de Corpus Christi, e à todos os credos. Somos honrados em reconhecer e conviver com o contingente militar aqui alicerçado e compromissado com a segurança do Brasil. Nossos soldados são nossos guardiões valorosos e servem de exemplo nas ações de paz e de ajuda no exterior, como as verificadas ultimamente ao Haiti. Nosso parque industrial é reconhecido e respeitado no país e por outras nações. Todas as empresas nos são importantes e vitais. Geram riquezas, oportunidades, empregos e elevam o reconhecimento de todos por Caçapava. Respeitamos todas as atividades produtivas, não importando a sua grandeza.

Nosso passeio, aqui, é livre, desimpedido. Há belezas, natureza, o rio Paraíba. Há matas, vertentes, nascentes. Temos o urbano e o rural. Há caminhos diversificados que nos levam para todos os rumos, para a cidade grande e para a humildade natural do interior. Convivemos em harmonia: gente da roça e da cidade. Trocamos de mãos em mãos o fruto do nosso trabalho, seja ele qual for. Despendemos cidadãos para ajudar as cidades vizinhas e elas nos devem agradecer por isso. Mas o abrigo seguro, particular e familiar está aqui. Está aqui em Caçapava, um reduto particular, pacífico. Importante é preservarmos esta característica e melhorá-la, em respeito à própria Caçapava. É desta forma que poderemos, sempre, oportunizar festas comemorativas e de reconhecimento, maiores e mais significativas a cada ano que passa. Assim também nos damos respeito e sempre seremos respeitados pelos nossos vizinhos. Assim damos mostra de reconhecimento aos pioneiros e à história desta nossa valorosa cidade. Aqui pisamos em solo de bandeirantes e da estrada imperial. Dignificamos os marcos que ficam. Cabe-nos estabelecer os novos marcos para as gerações futuras de cidadãos caçapavenses. Sejam eles nativos ou de outras origens. Como eu.

Neste momento agradeço a convivência com os amigos que aqui os tenho. Agradeço a cidade que me acolheu e que me abriga com conforto, dignidade e harmonia. Minha família, meus netos vivem e estudam aqui e eles merecem um horizonte seguro, confiante e de esperança em Caçapava, assim como todos os demais cidadãos, independente da idade ou condição social. Lanço uma voz de saudade e de respeito às pessoas queridas que aqui conheci e que já se foram. Quero continuar caminhando em paz e descobrindo renovações em Caçapava. Quero sentir seus cheiros, seus pequenos encantos, admirar o velho e o novo. Quero me impregnar de singelas belezas que a cidade propõe nos seus cantos diversos. Quero ouvir e compartilhar as histórias e as novidades. Que as novidades sejam sempre boas e agradáveis, que elas enriqueçam a nossa convivência sadia. Que eu aprenda.

Continuarei, no meu sítio no alto do morro, tendo o prazer diário de olhar para a cidade e tentar identificar seus avanços. No meu canto, onde vivo, admiro o sol poente. Identifico o calor deste sol e a sua intensa luminosidade que multicolore as nuvens do céu e enaltece as formas dos contrafortes da Serra da Mantiqueira. Esta visão privilegiada tenho-a aqui em Caçapava, e ela também me aproxima da minha terra natal, Porto Alegre, e do meu estado, onde há outra Caçapava – Caçapava do Sul – originada pelo Padre Bento Cortez, confidente que residiu em Caçapava Velha e que foi visitador da Capitania do Rio Grande de São Pedro. Portanto, aqui tenho identificações atuais e históricas. À noite, onde vivo, identifico o cenário de estrelas, no céu e na terra. Um mar de luzes cintilantes dá a exata dimensão crescente de Caçapava ao longo do tempo. As luzes brilham e dão resposta pacífica, mas enérgica, ao pulsar das almas desta cidade aniversariante. Por isto, em respeito a tudo, me curvo para este chão. Preservo uma mata nativa, resquício da mata atlântica. Nela há uma “clareira na mata”, uma “Caçapava” muito particular onde está a minha moradia. Nela há jequitibá que se fortalece e cresce, como o do símbolo histórico da cidade. No meu ambiente familiar esforço-me na característica da simpatia, esta chancela da cidade por todos conhecida. Caçapava guarda e eterniza tais símbolos. Com respeito eu tento eternizá-los no meu reduto particular. Compartilho com esta cidade desejo e esperança de fulgor. Eis minha homenagem à cidade que me acolhe.

Fugi, como já disse, ao compromisso de me enveredar pela história de Caçapava, pelos seus ciclos econômicos, de citar suas bases referenciais e seus importantes significados. Fugi de relembrar os fatos nobres e os nomes históricos que forjaram nossa cidade. Nesta oportunidade festiva preferi este meu depoimento. Testemunho pessoal público influenciado pela minha formação profissional de jornalista, que dá autenticidade ao meu compromisso com a cidade agora, com o seu povo, com as senhoras e senhores que aqui estão, com as nobres autoridades presentes nesta solene homenagem aos 154 anos de emancipação política da nossa Caçapava.

Louvo esta cidade. Louvo o seu hino, a sua bandeira e o seu brasão. Louvo a sua história, seus nomes e suas referências. Louvo esta gente que me cerca e me dá atenção. Nela me integro e com ela sou mais um. Tenho-me compromissado com a aniversariante. Abraço-a com carinho e afeição e desejo-lhe o horizonte brilhante, justo, merecido e enriquecido das mais saudáveis esperanças.

Parabéns a nossa “Cidade Simpatia, a Pérola do Vale, a terra do Frondoso Jequitibá”.

Modestamente, muito obrigado."

O noticiário oficial sobre a Sessão Solene da Câmara Municipal de Caçapava em homenagem aos 154 anos da cidade pode ser conferido no endereço:
http://www.camaracacapava.sp.gov.br/noticias_ver.aspx?cod_mat=584

14 comentários:

Anônimo disse...

Prezado Karnas,
este teu discurso é uma pérola, assim como esta pequena cidade que vi de relance numa viagem entre Campos do Jordão e Aparecida.
Um abraço
Clovis Heberle

Silvana Silva disse...

Parabéns Karnas! Muito bom! Você diz que é um desconhecido, mas uma coisa aprendi faz tempo: fama, sucesso e reconhecimento são coisas muito diferentes.
O convite e agora teu blog me fizeram revirar o baú da memória (nossa acho que tô mesmo ficando velha) para encontrar o que guardara de Caçapava. Lembrei de uma fábrica de carro de boi e, claro, do restaurante de uns gaúchos onde eu compra suco de uva (isso mesmo, não era vinho) de garrafão. O pessoal de casa sempre me pedia. Nem sei se o restaurante ainda existe. Faz tempo que não passo por aí. Como tenho usado a Carvalho Pinto, acabo saindo bem adiante. Vou acompanhar teu blog

Unknown disse...

Querido Carlos,
diante deste discurso,se Porto Alegre fica enciumada por um lado, por outro só pode se sentir orgulhosa. Afinal, criar e formar um cidadão como tu é muita honra para o povo gaúcho.
Um grande abraço e parabéns!

Lani Goeldi disse...

Parabéns amigo, matamos a saudade dos velhos empos antes de ontem. Eu, Isabel belão,Alvaro ejs Luiz Carlos.... ê turminha.... só faltou vc e nosso saudoso Amadeu Matera....

bjs e vamos repetir....

Anônimo disse...

Caro amigo Karnas,

Li com imenso prazer teu discurso, pois perpassa nele também um pouquinho de mim. Muito bom mesmo! Bem estruturado, com ótimo conteúdo e, coisa rara na nossa terra, gramaticalmente correto. Normalmente os erros - e quantos! - de português me irritam, seja nos jornais, seja no textos de internet, de secretárias, de colegas, etc. etc. Mas aqui, no teu discurso, tudo flui de modo bem alinhavado e sem erro. Parabéns! Pena que não sejas mais jornalista da ativa.

Um abraço amigo.

Oclide J Dotto

Anônimo disse...

Caro Primo

Te candidata a prefeito e eu vou abrir um escritório virtual em Caçapava.

Parabens.

Cordialmente

Paulo Karnas
office@office.com.br

Anônimo disse...

Belo discurso, senhor futuro prefeito, e bela foto também, tudo salvo na sua pasta aqui no meu computador. Fico contente por você e não me canso de elogiar. Gosto muito, muito mesmo, de você, e sou seu amigo. Isso me dá a autoridade da palavra rasgada.

Conte sempre comigo. Estou pronto a vestir a camisa e fazer campanha, com jingle e tudo.

É isso aí.

Abração

Sílvio

Sílvio Ferreira Leite
Revolução Silenciosa.net

Anônimo disse...

Pelo tamanho da placa dá pra ter uma idéia de que os homens estão investindo em ti, amigo.
Acho que não tens como fugir.
Vou ficar de olho e, no dia da posse, se Deus quiser, estarei aí, na fila do gargarejo, para aplaudir o novo prefeito!
Abraço fraterno do
Celito De Grandi

Anônimo disse...

Não é gozação, mas ficamos convencidos que você tem aptidão e gosto pelo assunto. Mas vamos falar de vinho, massas, e conversar, ok? Paulo Tadeucci
Cantina Toscana
Taubaté - SP

Anônimo disse...

Parabéns pela tua homenagem.Esta cidade soube te acolher muito bem.Faz dela por merecer.Espero que tu possas ser um bom prefeito também.Um abraço e sucesso.
Franco e tias.

Anônimo disse...

Meu querido primo,

Adorei as fotos e a reportagem da cerimônia de Caçapava. Também te apresentei ao meu filho Rodrigo e a minha nora Bárbara.

Quanto a entrares na vida política seria um barato, como diz o nordestino "arretado ou porreta"!!! Sem brincadeirinha, tenho certeza que essa cidade aí
só ganharia com a tua participação. És muito inteligente, tens idéias que poderiam dar uma vida nova ao quadro politico de qualquer cidade.

Parabéns novamente, possível futuro vereador ou prefeito, conta comigo como cabo eleitoral (é sério mesmo!!!!!)
Tua prima Norma Maria

Anônimo disse...

Discurso pra lá de bom, Karnas. Arrancado do baú do coração. Gostei muito.
Arre, que foi preciso um vereador pra te devolver pra vida mundana, hein?
Parabéns, meu velho. E tomara que a romaria não se esgote.
Estive com o Marmo, que prometeu visitar você muito em breve.

Joaquim Maria Botelho

Marcelo Sant'Anna disse...

Incrível como meu pai, nascido em 16 de abril de 1930, recebeu o título de Cidadão Caçapavense em 17 de abril de sei lá que ano... Mas já faz tempo. Lindas palavras meu amigo escritor! Aguardo ansioso o "Um quarto de mil".

Cenira de Mello disse...

Carlos Fernando!

O que me surpreende é a sensibilidade tua e do povo de Caçapava quando absorvem comungados de amor todas as demandas nutridas e carentes da cidade que também me seduz através dos teus escritos.
É gostoso viver e desfrutar de tudo isso! Em frente!
Abraços. Cenira de Mello